Após realizar a aplicação da técnica rango-tamanho para o sistema urbano brasileiro e do estado de São Paulo, agora foi elaborado um esboço para o sistema urbano brasileiro e espanhol, com o intuito de fazer algumas
comparações entre os dois sistemas.
Como já sabemos, a regra
rango-tamanho é um modelo descritivo no qual utiliza-se de dados e técnicas
estatísticas para observar as regularidades e as irregularidades do sistema
urbano, observado através da distribuição populacional e do tamanho dos centros
urbanos, ou seja, serve para conhecer a distribuição hierárquica das cidades ou
o lugar que a mesma ocupa pelo volume de população em um sistema espacial de cidades.
Segundo esse
modelo a segunda maior cidade deve ter a metade da população da primeira, a
terceira um terço e assim sucessivamente, onde Po é a população real de cada
cidade, Pe a população que deveria ser (esperada) segundo o modelo do
rango-tamanho, Po/Pe a divisão do Po pelo Pe, para calcular a porcentagem de
desvio entre a população real e a esperada, e por fim, calcula-se a média das
porcentagens de desvio em relação a primeira cidade.
Tabela I - Aplicação da regra do Rango-Tamanho ao sistema urbano
brasileiro
Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), censo 2010.
Org: GOMES, W. P.
Assim como
podemos conferir na tabela I, ocorrem diferenças bastante significativas entre
a população real e a população esperada (rango-tamanho) no sistema brasileiro.
Para começar é possível ver que apenas em duas cidades o desvio foi negativo
(Salvador e Brasília), ou seja, quando a população real é menor que a esperada.
Neste caso podemos dar um destaque para a cidade de Salvador que ocupa a
terceira colocação e apresentou um desvio de -29% com aproximadamente 1 milhão
de pessoas a menos do que deveria ter, segundo o rango-tamanho.
Dando continuidade a análise podemos
ver que todas as outras cidades apresentam um valor acima do esperado, com
destaque para a cidade do Rio de Janeiro que tem em sua população real em
aproximadamente 700 mil habitantes a mais que deveria ter no rango-tamanho.
Neste mesmo sentido, Belo Horizonte que ocupa a 6 posição teve um desvio de 26%
em relação a população esperada.
Essas cidades estão
predominantemente na faixa litorânea do território brasileiro, ou seja, das dez
maiores cidades somente duas (Brasília no centro e Manaus no Noroeste) não
estão localizadas nesta faixa. Isso é reflexo do período colonial, onde a
ocupação europeia foi realizada pelo oceano atlântico, e consequentemente,
formaram as primeiras cidades na costa litorânea.
Tabela II – Aplicação da regra do
Rango-Tamanho ao sistema urbano espanhol
Fonte:INE
(Instituto Nacional de Estatística) censo 2012.
Org: GOMES, W. P.
Na tabela II, foi aplicado a regra do rango-tamanho
para as 10 maiores cidades do sistema urbano espanhol. Como podemos observar a
maior cidade espanhola, Madrid, é aproximadamente um terço do tamanho da maior
cidade brasileira (São Paulo).
Em relação as cidades que aparecem com desvio negativo,
podemos destacar a terceira (Valencia) e quarta (Sevilla), que segundo o rango
– tamanho, deveriam ter respectivamente 280 e 106 mil habitantes a mais que
possuem atualmente.
Em relação as cidades que apresentaram desvios positivos,
ou seja, são maiores do que deveriam (segungo o rango-tamanho), as diferenças
são bastante insignificativas, com destaque para as cidades de Barcelona que
teve um desvio de apenas 0.3% e Palma de Mallorca com 1%.
As diferenças do sistema urbano espanhol em relação ao
sistema urbano brasileiro foram bastante grandes, ou seja, no geral as cidades
da espanholas, mantiveram uma aproximidamente muito grande em relação a técnica
do rango-tamanho, com desvio muito pequenos (salvo a cidade de valencia que
apresentou um desvio negativo de -29%), enquanto, no Brasil cinco cidades
apresentaram desvios superiores a 20% e a que mais se aproximou foi a quinta
cidade (Fortaleza), com um desvio de 8%.
Se pudessemos fazer uma média dos devios de todas as
cidade em relação a sua capital, no sistema urbano espanhol os desvios tiveram
uma média de 6.93%, enquanto, no Brasil
os desvios médios ficaram em 16.7%, ou seja, uma diferença de aproximadamente
10% em relação a Espanha.
Mesmo que a discrepância média entre os dois sistemas não
tenham sido muito grande, podemos concluir que algumas hipoteses foram
comprovadas e que o sistema urbano, ou a distribuição da população são melhores
nos países desenvolvidos, como no caso da espanha, onde houveram poucas
diferenças em relação ao modelo utilizado.
Os dados apresentados pelo Brasil são frutos de um
processo de urbanização recente, onde grande parte da população tende a ir para
as grande cidades em busca de melhorias de vida, ou seja, educação, saude,
trabalho e etc., porém, esse modelo de urbanização já vem sofrendo algumas
modificações, a primeira iniciativa para uma desconcentração demográfica da
costa litorânea, foi na década de 1930, com a “Marcha para o Oeste”, um plano
criado para incentivar a população a ocuparem o interior do país. Além de outras iniciativas posteriores, como a
desconcentração industrial e insenção de impostos.
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