Monday, May 13, 2013

Comparação da distribuição populacional dos sistemas urbanos brasileiro e espanhol a partir da aplicação da regra Rango-Tamanho

Após realizar a aplicação da técnica rango-tamanho para o sistema urbano brasileiro e do estado de São Paulo, agora foi elaborado um esboço para o sistema urbano brasileiro e espanhol, com o intuito de fazer algumas comparações entre os dois sistemas.
Como já sabemos, a regra rango-tamanho é um modelo descritivo no qual utiliza-se de dados e técnicas estatísticas para observar as regularidades e as irregularidades do sistema urbano, observado através da distribuição populacional e do tamanho dos centros urbanos, ou seja, serve para conhecer a distribuição hierárquica das cidades ou o lugar que a mesma ocupa pelo volume de população em um sistema espacial de cidades.
Segundo esse modelo a segunda maior cidade deve ter a metade da população da primeira, a terceira um terço e assim sucessivamente, onde Po é a população real de cada cidade, Pe a população que deveria ser (esperada) segundo o modelo do rango-tamanho, Po/Pe a divisão do Po pelo Pe, para calcular a porcentagem de desvio entre a população real e a esperada, e por fim, calcula-se a média das porcentagens de desvio em relação a primeira cidade.

Tabela I - Aplicação da regra do Rango-Tamanho ao sistema urbano brasileiro
                 Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), censo 2010.
                 Org: GOMES, W. P.

Assim como podemos conferir na tabela I, ocorrem diferenças bastante significativas entre a população real e a população esperada (rango-tamanho) no sistema brasileiro. Para começar é possível ver que apenas em duas cidades o desvio foi negativo (Salvador e Brasília), ou seja, quando a população real é menor que a esperada. Neste caso podemos dar um destaque para a cidade de Salvador que ocupa a terceira colocação e apresentou um desvio de -29% com aproximadamente 1 milhão de pessoas a menos do que deveria ter, segundo o rango-tamanho.
            Dando continuidade a análise podemos ver que todas as outras cidades apresentam um valor acima do esperado, com destaque para a cidade do Rio de Janeiro que tem em sua população real em aproximadamente 700 mil habitantes a mais que deveria ter no rango-tamanho. Neste mesmo sentido, Belo Horizonte que ocupa a 6 posição teve um desvio de 26% em relação a população esperada.
            Essas cidades estão predominantemente na faixa litorânea do território brasileiro, ou seja, das dez maiores cidades somente duas (Brasília no centro e Manaus no Noroeste) não estão localizadas nesta faixa. Isso é reflexo do período colonial, onde a ocupação europeia foi realizada pelo oceano atlântico, e consequentemente, formaram as primeiras cidades na costa litorânea.
           
Tabela II – Aplicação da regra do Rango-Tamanho ao sistema urbano espanhol 
                 Fonte:INE (Instituto Nacional de Estatística) censo 2012.
                 Org: GOMES, W. P.
           
            Na tabela II, foi aplicado a regra do rango-tamanho para as 10 maiores cidades do sistema urbano espanhol. Como podemos observar a maior cidade espanhola, Madrid, é aproximadamente um terço do tamanho da maior cidade brasileira (São Paulo).
            Em relação as cidades que aparecem com desvio negativo, podemos destacar a terceira (Valencia) e quarta (Sevilla), que segundo o rango – tamanho, deveriam ter respectivamente 280 e 106 mil habitantes a mais que possuem atualmente.
            Em relação as cidades que apresentaram desvios positivos, ou seja, são maiores do que deveriam (segungo o rango-tamanho), as diferenças são bastante insignificativas, com destaque para as cidades de Barcelona que teve um desvio de apenas 0.3% e Palma de Mallorca com 1%.
            As diferenças do sistema urbano espanhol em relação ao sistema urbano brasileiro foram bastante grandes, ou seja, no geral as cidades da espanholas, mantiveram uma aproximidamente muito grande em relação a técnica do rango-tamanho, com desvio muito pequenos (salvo a cidade de valencia que apresentou um desvio negativo de -29%), enquanto, no Brasil cinco cidades apresentaram desvios superiores a 20% e a que mais se aproximou foi a quinta cidade (Fortaleza), com um desvio de 8%.
            Se pudessemos fazer uma média dos devios de todas as cidade em relação a sua capital, no sistema urbano espanhol os desvios tiveram uma média de 6.93%, enquanto, no  Brasil os desvios médios ficaram em 16.7%, ou seja, uma diferença de aproximadamente 10% em relação a Espanha.
            Mesmo que a discrepância média entre os dois sistemas não tenham sido muito grande, podemos concluir que algumas hipoteses foram comprovadas e que o sistema urbano, ou a distribuição da população são melhores nos países desenvolvidos, como no caso da espanha, onde houveram poucas diferenças em relação ao modelo utilizado.
            Os dados apresentados pelo Brasil são frutos de um processo de urbanização recente, onde grande parte da população tende a ir para as grande cidades em busca de melhorias de vida, ou seja, educação, saude, trabalho e etc., porém, esse modelo de urbanização já vem sofrendo algumas modificações, a primeira iniciativa para uma desconcentração demográfica da costa litorânea, foi na década de 1930, com a “Marcha para o Oeste”, um plano criado para incentivar a população a ocuparem o interior do país.  Além de outras iniciativas posteriores, como a desconcentração industrial e insenção de impostos.

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