APLICAÇÃO DA TÉCNICA DO RANGO – TAMANHO PARA O BRASIL E O ESTADO DE SÃO
PAULO
(Washington Paulo Gomes)
Nesta pequena
apresentação foi elaborado um esboço através da aplicação da regra
rango-tamanho para o sistema urbano brasileiro e também para o estado de São
Paulo.
A regra rango-tamanho é um modelo
descritivo no qual utiliza-se de dados e técnicas estatísticas para observar as
regularidades e as irregularidades do sistema urbano, observado através da
distribuição populacional e do tamanho dos centros urbanos, ou seja, serve para
conhecer a distribuição hierárquica das cidades ou o lugar que a mesma ocupa
pelo volume de população em um sistema espacial de cidades.
Segundo esse
modelo a segunda maior cidade deve ter a metade da população da primeira, a terceira
um terço e assim sucessivamente.
Na tabela I
podemos ver as dez maiores cidades do ponto de vista populacional do sistema
urbano brasileiro, onde Po é a população real de cada cidade, Pe a população
que deveria ser (esperada) segundo o modelo do rango-tamanho, Po/Pe a divisão
do Po pelo Pe para calcular a porcentagem de desvio entre a população real e a
esperada e por fim calcula-se a média das porcentagens de desvio em relação a
primeira cidade.
Tabela I - Aplicação da regra do Rango-Tamanho ao sistema urbano
brasileiro
R
|
Cidades
|
Po
|
Pe
|
Po/Pe
|
Desvio (%) entre Pe e Po
|
1
|
São
Paulo
|
11.253.503
|
11.253.503
|
1
|
0
|
2
|
Rio
de Janeiro
|
6.320.446
|
5.626.751
|
1,12
|
12
|
3
|
Salvador
|
2.675.656
|
3.751.167
|
0,71
|
-29
|
4
|
Brasília
|
2.570.160
|
2.813.375
|
0,91
|
-9
|
5
|
Fortaleza
|
2.452.185
|
2.250.700
|
1,08
|
8
|
6
|
Belo
Horizonte
|
2.375.151
|
1.875.583
|
1,26
|
26
|
7
|
Manaus
|
1.802.014
|
1.607.643
|
1,12
|
12
|
8
|
Curitiba
|
1.751.907
|
1.406.687
|
1,24
|
24
|
9
|
Recife
|
1.537.704
|
1.250.389
|
1,22
|
22
|
10
|
Porto
Alegre
|
1.409.351
|
1.125.350
|
1,25
|
25
|
Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), censo 2010.
Org: GOMES, W. P
Assim como podemos conferir na
tabela I, ocorre diferenças bastante significativas entre a população real e a
população esperada (rango-tamanho), para começar é possível ver que apenas em
duas cidades o desvio foi negativo (Salvador e Brasília), ou seja, quando a
população real é menor que a esperada. Neste caso podemos dar um destaque para a
cidade de Salvador que ocupa a terceira colocação e apresentou um desvio de -29%
com aproximadamente 1 milhão de pessoas a menos do que deveria ter segundo o
rango-tamanho.
Dando continuidade a análise podemos
ver que todas as outras cidades apresentam um valor acima do esperado, com
destaque para a cidade do Rio de Janeiro que tem em sua população real em aproximadamente
700 mil habitantes a mais que deveria ter no rango-tamanho. Neste mesmo
sentido, Belo Horizonte que ocupa a 6 posição teve um desvio de 26% em relação
a população esperada.
Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística), censo 2010.
Org: GOMES, W. P
No mapa I podemos
ver a distribuição das 10 maiores cidades no território brasileiro e fica claro
que no Brasil ocorre uma concentração da população na sua faixa litorânea, ou
seja, das dez maiores cidades somente duas (Brasília no centro e Manaus no
Noroeste) não estão na grande faixa litorânea. Isso esta relacionado com o período
colonial onde a ocupação europeia foi realizada pelo atlântico e consequentemente
formaram as primeiras cidades na costa litorânea.
Ainda no sentido
de aprofundar os estudos para a região paulista, realizamos a aplicação da
regra do rango-tamanho também para o Estado de São Paulo (tabela II).
Neste
caso, devido a cidade de São Paulo ser muito grande do ponto de vista
populacional, todas as outras cidades permaneceram muito abaixo em relação a
população esperada para a técnica do rango-tamanho.
Podemos destacar que a cidade de
Guarulhos (segunda maior cidade) apresentou um valor de -79% da população esperada
para a cidade, ou seja, segundo a técnica do rango-tamanho a cidade deveria ter
4,5 milhões de pessoas a mais do que atual.
Tabela II - Aplicação da regra do Rango-Tamanho ao sistema urbano do
Estado de São Paulo.
R
|
Cidades
|
Po
|
Pe
|
Po/Pe
|
Desvio (%) entre Pe e
Po
|
1
|
11.376.685
|
11.376.685
|
1
|
0
|
|
2
|
1.222.357
|
5.688.343
|
0,21
|
-79
|
|
3
|
1.080.999
|
3.792.228
|
0,29
|
-71
|
|
4
|
765.203
|
2.844.171
|
0,27
|
-73
|
|
5
|
673.914
|
2.275.337
|
0,30
|
-70
|
|
6
|
666.469
|
1.896.114
|
0,35
|
-65
|
|
7
|
636.876
|
1.625.241
|
0,39
|
-61
|
|
8
|
619.746
|
1.422.086
|
0,44
|
-56
|
|
9
|
593.775
|
1.264.076
|
0,47
|
-53
|
|
10
|
419.757
|
1.137.669
|
0,37
|
-63
|
Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), censo 2010.
Org: GOMES, W. P
Olhando o mapa II, podemos
identificar que as das dez maiores cidades do estado nove estão concentradas na
Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e somente uma (Ribeirão Preto) esta no
interior.
Mapa II – Dez maiores cidade do
Estado de São Paulo.
Fonte: IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), censo 2010.
Org: GOMES, W. P
A grande São
Paulo ou a chamada RMSP possui aproximadamente 19 milhões de habitantes e engloba
39 municípios conurbados. Nos dias atuais já estamos falando de um Complexo
Metropolitano Expandido que ultrapassa 29 milhões de habitantes que é a união
de 65 municípios e as regiões metropolitanas de Campinas, Baixada Santista e o
Vale do Paraíba, que juntas abrigam 12% da população brasileira, assim como
podemos ver no mapa III.
Fonte: Wikipédia
Para finalizar nossa análise podemos
dizer que tanto no sistema urbano brasileiro e também no estado de São Paulo é possível
identificar que ocorre uma má distribuição da população no território
brasileiro. Essa concentração populacional formando grande cidades ou grandes
complexos metropolitanos muitas vezes de forma desordena assim como no estado
de estado de paulista é uma característica dos países em desenvolvimentos.
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